Jornalista x Psicóloga

sexta-feira, 27 de agosto de 2010


Inspirada no dia do psicólogo, hoje, dia 27 de Agosto, lembro-me bem do dia 7 de Abril o que senti no dia do jornalista. Tudo bem que ainda não posso me considerar jornalista de fato, pois não tenho diploma, porém, no dia em que apenas recebi um único mísero parabéns após praticamente implorar no twitter, não senti um pingo de alegria nem orgulho. Hoje também não.
Essa minha vida é uma dicotomia. Segundo minha psicoterapeuta, eu não consigo escolher entre duas coisas que estão ao meu alcance, não consigo ceder, eu tenho a necessidade de fazer as duas para não perder nada, e está aí o meu resultado: Aos 24 anos nem sou jornalista nem sou psicóloga!
Tudo bem, vou começar uma retrospectiva do meu curso de jornalismo, coisa que eu faço quase todos os dias comigo mesmo, ou conto a algumas pessoas, ou conto a minha psicóloga, enfim, deve ser o meu maior trauma, por favor Dr. Sigi, me ajude, sou uma histérica e o meu sintoma é achar que posso ser uma jornalista.
Em 2006 comecei o curso de jornalismo na UEPB, deixei o curso de Letras na URCA no comecinho e parti para o outro ainda frustrada de não ter passado em psicologia na UFPB, mas tudo bem, estava feliz, um novo lugar, novos amigos, novo curso, de repente eu ia me encontrar e ia ser maravilhoso. E foi. No começo estava empolgadíssima, tive até disciplinas com um certo grau de dificuldade, estudei, conheci muita gente, namorei bastante, e o curso ia de vento em polpa. Daí, no final do primeiro ano, comecei a notar que o curso essa péssimo, cheio de falhas, sem estrutura, não era exatamente o que eu queria, não conseguia me imaginar trabalhando em nenhuma área sequer do jornalismo, não tinha incentivo dos professores, nem de nada dentro do curso, por fim, fiz vestibular para psicologia que eu tanto almejava e passei.
O fato de passar para a segundo entrada, fez com que minhas aulas de psicologia só começassem em Outubro de 2007 e atá aí continuei cursando jornalismo. Cursei um semestre de psicologia e fiquei apaixonada pelo curso, porém, com mais de 2 anos já em Campina Grande os laços estavam feitos, tanto de amizades como na própria universidade. Era muito cômodo pra mim não ter praticamente nada pra estudar, só ter aula (e quando tinha) de 8 da manhã às 11, viver uma vida de badalações, e por aí vai... não se comparava a ter que andar meia hora a pé no maior sol do mundo às 7 e meia da manhã pra passar o dia todo na UFPB, chegar em casa e morar sozinha, e ter que estudar o resto do dia, então minha escolha foi feita: Jornalismo.
Tranquei psicologia e tentei fazer com que o curso de jornalismo valesse a pena. Estagiei na TV, produção de cinema, e era tudo o máximo, mas de certa forma, vinha o vazio existencial. Faltava alguma coisa, faltava a teoria, eu queria estudar, mas não tinha estímulo, não tinha aula, tive no máximo 3 bons professores que me despertaram interesse, o resto estava ali enganando bestas, e os bestas achando muito bom ser enganados.
O fato é que eu estava desesperada para estudar, eu queria fazer a monografia, tinha todos os livros, comecei a escrever inclusive, mas, como fazer? eu não sabia nem por onde começar, porque dentro do curso eu não tive orientação alguma de como fazer um trabalho monográfico e até um artigo científico. Contradição não? Um curso de jornalismo! Pois é. Não vou colocar a culpa só na instituição nem nos professores, é claro que se faltou estímulo, faltou força de vontade para que eu corresse atrás, mas quer saber, coloco 80% de culpa neles sim, eu tentei. Lembrei agora de umas cadeiras que ensinavam a fazer um pré-projeto da monografia, e lembro-me como enrolei o ano inteiro essa cadeira e passei com uma nota altíssima, a professora não gostava de mim, claro que ela notava a minha grande falta de interesse por tudo aquilo e fazia questão de não procurar incentivar, muito pelo contrário, ela punia. Gostaria que meus professores tivesse lido Vygotsky, e se tivessem, que aplicassem aquela teoria e soubessem utilizar uma metodologia de estímulo aos alunos mais difíceis. Opa. Eu não era difícil, passei com médias altíssimas, fiz todos os trabalhos, era extremamente responsável, fui a todas as poucas aulas que tive esses 4 anos, salvo quando estava cursando psicologia, enfim, vendo pelo meu lado, eu fui uma boa aluna, eles que não enxergaram isso.
Hoje eu tenho vergonha de não saber através de jornalismo e sim de psicologia o que era um Lattes, "terminei" um curso sem nenhuma publicação, sem nenhum artigo, sem nenhum congresso, sem nenhum progresso.
Desde que voltei ao curso de psicologia, tento correr atrás do prejuízo e hoje faço tudo o que tenho direito dentro do curso, que vamos combinar, apesar de todos os problemas de uma universidade pública não se compara com o que passei nesse últimos 4 anos, no primeiro semestre entreguei o equivalente a dois trabalhos monográficos, no segundo, um artigo científico, e agora no terceiro estou encaminhada para publicações, sou uma "quase" bolsista do cnpq, participo de um núcleo de pesquisas de desenvolvimento moral, participo da composição do jornal do CA, sou a presidente da comissão de formatura (não que isso seja uma vantagem), não sou a melhor aluna da sala, mas sou a melhor aluna que eu já em toda minha vida.
O curso de jornalismo me deu isso: Uma grande alerta para que eu não pare no tempo, não me acomode, eu quero é crescer, estudar, trabalhar um dia quem sabe né? ahahah e tenho a consciência de que alguns colegas do jornalismo se deram bem porque tiveram forças pra buscar dentro da precariedade do curso outras alternativas e conseguiram adquirir o conhecimento que eu não consegui. Parabéns pra eles.
Finalizo esse pequeno desabafo com saudades de um tempo bom, mas feliz porque estou em um tempo melhor! E quem sabe do meu futuro né? De repente vou aprendendo a ser jornalista com a vida mesmo.

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